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sábado, 29 de março de 2008

"O Olhar".


Poeta Cigano.


Meus olhos vagueiam incertos, dispersos, sem rumo, na procura do nada. Falta-me o olhar. O olhar dos poetas, dos artistas, dos andarilhos e, daqueles que perscrutam o âmago das coisas, da vida, na busca constante da beleza, da virtude que, às vezes são mascaradas pela pele externa que tapeia a alma.
Quero esse olhar sem dono, vadio, ávido, da verdade que, profundo, descortine a escuridão e liberte o observador ignorante, teimoso que, habita em cada um de nós.
Quero olhar o rio e, sorver seu cântico no embalo de suas águas no bailar de seus movimentos.
Galgar a montanha, correr pelas campinas, reverenciar os bosques e, poder ouvir a vida fluir feliz no pulsar de seus corações.
Aconchegar-me na relva úmida e, deleitar-me com o trinar alegre dos pássaros sob o assobio melodioso dos ventos.
Olhar o homem comum vagando pelas ruas sem me importar com sua imagem, seu externo, mas a partir de seus mais simples gestos captar suas emoções e, sua riqueza d’alma.
Quero, acima de tudo, sentir o toque sutil frio da brisa, sorrir para o raio da tempestade, abraçar a noite escura e amar a natureza.
Ter a sensibilidade dos privilegiados para adentrar suas entranhas e, extrair a beleza dos sentimentos.
Assumir esse olhar curioso, malandro, herói, dos deuses, afinal, também faço parte desse todo belo e infinito.
Enfim, quero o olhar dos olhares para poder ver e sentir esse mundo. Esse mundo invisível, misterioso, fantástico, que teima em esconder-se.
Quero só meu olhar. Apenas meu olhar.