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terça-feira, 23 de abril de 2013


"O Menino e o velho: O milagre do amor"...!!!
    
 













Poeta Cigano

O Senhor Perácio, com 80 anos bem vividos, aposentado, vive com a esposa, a filha e o neto, numa casinha num bairro operário da cidadezinha de Santa Cruz.
Nos fundos do quintal, montou uma improvisada oficina de soldagens para fazer uns biscates e completar a renda, além de se manter em atividade. Sempre falava para dona Mercedes, sua esposa, que aquilo era o seu elixir da vida. Um modo de ocupação do tempo.
Seu neto Tiago, de apenas quatro aninhos, é a menina dos seus olhos e ele, além de avô coruja, um emérito contador de histórias. Sempre estavam juntos. Amavam-se.
À noite, após cada história, eles rezavam juntos e, ele só saía dali após o netinho adormecer, quando o cobria  e apagava a luz.
-Sonhe com os anjinhos, meu filhinho – Falava ele num sussurro em seu ouvidinho, dando-lhe em seguida um beijo em sua face rosada, com um sorriso paternal.
A filha ficara viúva muito cedo e fora morar com eles. Certo dia, o menininho foi tomado por uma febre alta e incontrolável. Como os usuais medicamentos caseiros não resolveram, tiveram que levá-lo às pressas para o único hospital da cidadezinha. Após alguns exames, os médicos descobriram uma doença rara em seu organismo. Aí foi uma choradeira geral.
Diante daquela situação inesperada e emergencial, de imediato os médicos iniciaram o processo de cura, utilizando-se dos mais diversos medicamentos, para combater a infecção e baixar a febre. Não podiam perder mais tempo.
A partir desse dia, muito desconsolado, o avô não desgrudava da cadeira ao pé da sua cama na enfermaria.  Com o livrinho de história em suas mãos, o velho torcia para o netinho abrir os olhos e poder ouvir as suas histórias. Com coração amargurado e ferido, ele forjava uma alegria que não passava despercebido pelo garotinho.  Já desperto, embora ainda muito sonolento, o menininho olhou para o avô, que lhe disse:
-Meu filhinho, vovô chegou e como sempre vai te contar histórias diferentes e divertidas. Só nós conhecemos essas histórias. Somos sócios nesse segredo? Fechado?
O garotinho quase num sussurro, ensaia um pequeno sorriso e responde lentamente:
-Fechado vovô! Não vou contar pra ninguém nosso segredo. Nem pra mamãe nem pra vovó.
O tempo passa e aquela rotina seguia seu rumo. Até que um belo dia, a equipe médica resolve chamar e reunir a família para dar as boas novas. A infecção acabara e, o menininho muito mais cedo do que era esperado, teria alta, o que aconteceu dias depois. Já em casa, restabelecido, ele brincava, corria e já fazia de tudo como antes.
Quando tudo parecia correr às mil maravilhas, foi a vez do avô adoecer. Ele tinha há algum tempo, um problema coronário que tentava esconder dos familiares. Logo teve que ser internado também. Tiaguinho, inconsolável, passou a chorar pelos quatros cantos da casa.
O avô era tudo pra ele. Não podia ir ao hospital visitá-lo, porque a sua mãe , embora não falasse, não queria que ele visse o avô naquele estado.
A sua doença era grave e o estava definhando. Mas o menino que era muito esperto, um dia, conseguiu seguir a mãe às escondidas. Ouvira dentro de casa que o quarto número 8 era o do avô e, como este o ensinara a contar até 10, seria fácil localizá-lo.
Já no local, se esgueirando pelas paredes, e pilastras, alcançou o primeiro andar e logo avistou o número procurado. Numa correria desenfreada e, pegando a todos de surpresa, ele adentrou o quarto e , quase sem fôlego, só parou à beira da cama do avô, que, neste instante, estava acordado.
Com o livrinho embaixo dos braços, ele falou com aquela vozinha chorosa e lágrimas em seus olhinhos azuis:
-Vô, vô, vim te contar aquelas histórias para você ficar bom também. Aquelas do nosso segredo que me curou, lembra?
Ao ouvir aquilo e, ver o netinho folhear aquele livrinho de história, sem ainda saber ler, o ancião não resistiu e foi às lágrimas e, com os lábios trêmulos e a face molhada, falou:
-Meu filhinho querido, conte essa sua história tão linda e maravilhosa. Estou precisando muito dela. Você vai me curar, Tiaguinho. Conte!
-Não, vô! Eu não vou curar o senhor. Esqueceu? É a história. É ela que cura. A mesma que fez eu ficar bom. Lembra? – Retruca o menininho exibindo aquele sorriso inocente de felicidade, folheando as primeiras páginas do livreto, já narrando ali as tais histórias.
A mãe e a avó vendo aquela cena, choraram e viram que o menininho era necessário ali.
Assim, quando em suas novas visitas, passaram a trazê-lo.
Para outra agradável surpresa, o velho melhorara consideravelmente, fato considerado milagre para os médicos e, semanas depois já se encontrara em casa, se restabelecendo.
Agora, por imposição de Tiaguinho, passaram a se revezarem na contagem das histórias, porque essas histórias, as do segredo, não o deixam adoecerem.

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“Poesias do Poeta Cigano”


(Cantinho do Poeta Cigano)



16 comentários:

Existe Sempre Um Lugar disse...

Historia tem haver com a realidade, muitas pessoas ficam doentes, quando o seu familiar que ama ter ficado doente, assim como recupera quando o dito familiar melhora.
é impressionante o amor e dedicação que familiares tem um pelos outro.

ag

Rosa Branca disse...

Que lindo ....Retornei de viajem e estou passando para te desejar uma belíssima semana.
Um abraço carinhoso

Paty Alves
Ágape Amor Verdadeiro
Patyiva
Vou Conseguir

Nal Pontes disse...

Linda história! O que o amor não cura? se Deus é o próprio amor! revelado através de nós. Bela postagem!

La Gata Coqueta disse...



Un felicísimo martes para ti
día internacional del libro,
agradeciendo...
Que soportes mis defectos
que toleres mis humores
y sobre todas las cosas...
Que sepas comprenderme!!
❦ ❦ ❦

Te envío un beso
en el susurro del viento...
...que ya se ha ido a encontrase contigo.

Atte.
María Del Carmen


Anônimo disse...

Una historia entrañable y emotiva.
Abraços.

Patrícia Pinna disse...

Bom dia, poeta. Com calma eu venho aqui para comentar, hoje, corro contra o tempo, rs.
O concurso de poesia do blog Bicho do Mato, havia dado problema na votação, logo, peço novamente o seu voto, pois já se normalizou.
Concorro com o poema "DAMA MALDITA"
Para votar, é clicar à direita do blog onde está o nome do meu poema!
Para ler e comentar, clique na minha foto.
Obrigada pelo carinho.
Tenha um bom dia.
Aí, vai o link!

http://blogdobichodomato.blogspot.com.br/2013/04/dama-maldita.html

Beijos na alma!

Maria Luisa Adães disse...

Poeta Amigo,

lindos são os seus poemas e eu dou parabéns ao poeta e à "Musa".

O selo é um encanto! Foi para os Prémos, mas vai passar para o lado direito dos "7degraus" para ficar próximo, mais próximo de quem passa e escreve, ou não escreve...

Eu estou doente há muito tempo e agora (esta noite foi muito má)e não se acertou com a medicação, pois estive um ano e meio, sem se descobri o que era.

Daí eu escrever pouco,muito pouco, aos amigos e eles irem desaparecendo, nos minimos comentários que me fazem e isso me deixa triste, pois o que escrevo é bom e versátil.Mas não os posso visitar ou quase nada e "quem não aparece, esquece".

Daí a minha ausência!

Para o Poeta, eu agradeço a sua gentileza e bondade e sempre que possa escrevo!
Neste momento muito mau, não posso prometer nada!Deus me ajude, desculpe o desabafo e só hoje, escrever.

Se possível, hoje, coloco um poema breve e digo "até sempre".

Graças por o ter conhecido e à sua escrita sedutora.

Obrigada pelo Prémio!

Maria Luísa

Rose Sousa disse...

Oi Carlos! Seu banner já está nos meus blogs e, com muito carinho. Bom, Venho também agradecer aos queridos amigos que dedicaram seu carinho comentando e votando no meu Soneto do concurso "Pena de Ouro", ao qual estou participando. Porém, devido a um imprevisto os votos sumiram, mas já foi resolvido o probleminha da votação e está aberta a votação por mais 10 (dez) dias. Quero pedir-lhes que se possível me dediquem mais uma vez seu carinho e atenção e voltem novamente ao blog e apenas votem para que seja possível esse Concurso. Basta clicar em "Um Soneto em Silêncio e votar". Desde já o meu muito obrigada! Um beijo!

Audrey Andrade disse...

Que lindo conto, Poeta Cigano! Acho linda a relação que o meu pai tem com o meu filho, mas também temo! Acho que você me entende!

Parabéns, pela história tão linda e tão bem contada!

Meu carinho!

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Como é importante essa cumplicidade, entre avô e neto, pai e filho, irmão com irmão. Onde há carinho e amizade, tudo corre harmoniosamente bem.
Que bela e história, amigo poeta!

Beijos!

Anônimo disse...

Olá, linda e emocionante história.
Obrigada pela visita em meu blog e com certeza virei mais vezes ler suas histórias e poesias.
beijos de luz
Li
www.decorarcomtudo.blogspot.com.br

AFRICA EM POESIA disse...

CARLOS Poeta Cigano
Obrigada pela visita
Depois de andar adoentada e preocupada voltei...

vou ler poesia e...escrever poesia

deixo Amor,Amizade e muito carinho.

tive mesmo saudades...

beijos

Carolina Carvalho disse...

só tenho uma coisa a dizer.. tocou a alma!

Um enormeeee Beijo,
Carol
www.blablablacarol.com

Carolina Carvalho disse...

só tenho uma coisa a dizer.. tocou a alma!

Um enormeeee Beijo,
Carol
www.blablablacarol.com

Patrícia Pinna disse...

Boa tarde, poeta. Emocionante história que me fez chorar!
O amor inocente e puro é capaz de curar muitas mazelas e fazer uma grandiosa diferença na vida de outrem.
Parabéns!
Tem postagem nova no "CARINHOS EM SELOS"
O selinho que você me deu está lá também!
Deixei um para quem quiser, no final da postagem.
Excelente fim de semana!

http://carinhosemselosdosamigos.blogspot.com.br/2013/04/selinhos-especiais-dos-amigos-clarice.html

Beijos na alma!

Ana (Ballet de Palavras) disse...

Carlos,
Belíssimo.

Emocionei-me.

Ana